Por Paulo Pellegrini – jornalista e
músico
A
década de 2000 começa sob o impacto
da popularidade da Catarina Mina,
que arrastava grande público por onde passava, em especial nas apresentações no
segundo piso do Monumental Shopping
(Renascença).
O
EP “As aspas serão explicadas adiante”
tinha três faixas autorais e uma releitura de “Heaven knows I’m miserable now”, dos Smiths, e até hoje é cultuado pela crítica como um dos discos mais
influentes do pop-rock maranhense.
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Djalma Lúcio (ex-Catarina Mina) - lançamento do EP “Conforme prometi no réveillon” - O Estado MA |
Há
um hiato de oito anos entre esse lançamento e “Conforme prometi no Reveillon” (2010), primeira aparição
fonográfica solo de Djalma Lúcio, o
líder da Catarina Mina que passou
mais tempo recluso e dedicado a outras atividades do que seus fãs gostariam.
Em
2000, uma banda de vida efêmera
registrou duas faixas autorais que tiveram relativo sucesso nas rádios, a banda
Frechal, cujo vocalista era Kosta Netto.
Uma
banda importante, egressa dos anos 90, que também estrearia em disco na década
seguinte foi a Cruz de Metal. O
grupo era capitaneado por Léo Ribeiro,
que depois assinaria como Léo Mart
Brodello, e Nena Natal. Com
agenda sempre lotada de apresentações em bares, a banda gravou no Estúdio Metanóia, no Edifício Caiçara, dois discos: “Humanidade” (2002) e “Cruz de Metal” (2004), com destaque
para a canção “Hipnose”.
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Cruz de Metal, com Márcio Glam (g) |
Seguindo
uma vertente mais próxima da MPB,
registram-se aqui os três lançamentos da Mandorová
(2002, 2003 e 2007) e o trabalho “Pirata”,
do trio Hamilton Oliveira, Ana Areias
e Assis Medeiros (2004).
A
primeira metade da década de 2000
viveu também um boom de lançamentos na área do hip-hop. Dois grupos se
destacaram: o Clãnordestino (Preto
Nando, Lamartine, DJ Juarez e Preto Ghoez, este infelizmente já falecido) e a T.A. Calibre 1 (Costelo, Playmobil,
Ramúsyo, Cristian, entre outros). Nos anos seguintes, surgiram diversos grupos,
como Arquivo X, Arsenal MC’s, Gíria Vermelha
e Plano Somma, só para citar alguns.
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Navalhas Negras\Clãnordestino - DJ Juarez, Nando, Liliam, Lamartine |
A
popularização do Nu Metal, do Rap Metal e de bandas como Rage Against The Machine, System Of A Down, CPM-22, Detonautas e NX Zero gerou efeitos na formatação das
bandas maranhenses de pop-rock entre
2003 e 2006. Em linhas gerais, o gênero ficou mais “pesado”, com guitarras distorcidas “na cara”, interpretações mais “gritadas”
e “faladas com velocidade”, muita
atitude no palco e o início do apreço do estilo em se compor em inglês.
Nesse
contexto, surgiram bandas como C.H.A.O.S,
Madame Caos, Effect, Amplit, Endo-Z (esta numa pegada mais Alice In Chains) e a Página 57, talvez a mais marcante desse
período. A Página 57 foi um ícone do
cenário local, com a espalhafatosa cabeleira de Ramirez Costa e seus sarongues e a pegada firme de Benone (baixo), Thiago “Cara de Bebê” (guitarra, que mais tarde formaria a Boys Bad News, usando seu nome de
batismo Domingos Tiago) e Giorlan Moraes (bateria).
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Página 57 (Giorlan, Ramirez, Benone e Thiago) |
Vivíamos
a novidade das redes sociais, em
especial o Orkut e o Flogão, cujo perfil “Portal Underground” era sempre motivo
de polêmicas, com postagens anônimas em que não havia
limites para ofensas e ironias.
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Portal Underground: divulgação, anonimato e muita polêmica |
Não
teve banda na época que não sofreu com as “navalhadas”
dos comentários sobre os posts do Portal,
mas que também não aproveitou para destilar seus próprios venenos...
A
proliferação de bandas motivou o surgimento de espaços importantes para shows.
Naqueles meados de 2005, cita-se
aqui o Castelo do Rock, uma das
inúmeras iniciativas do graduado em Comunicação
Social Natanael Júnior em fomentar o rock local, que ficava na Praia Grande e abrigou dezenas de
shows.
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Castelo do Rock, que funcionou por quase 10 anos, na Praia Grande |
O
mesmo Natanael, cuja história no
rock inclui a prática como guitarrista da Ânsia
de Vômito em tempos anteriores, abriu o PUB, primeiro próximo ao posto Texaco da Beira-Mar, depois no Centro
Histórico.
Natanael Júnior é uma figura controversa do rock local, protagonista
de algumas experiências conturbadas na área de produção (os shows do Sepultura e do Nação Zumbi que não aconteceram, sem contar o malfadado Metal Open Air), mas sem dúvida é um
dos maiores promotores do cenário, sempre disposto a criar oportunidades para
que o rock aconteça e as bandas locais floresçam. E cabe citar que o histórico
show dos Scorpions no Aterro do Bacanga, em setembro de 2010, teve sua assinatura na produção.
Outro
local extremamente marcante, que foi aberto em 2005 e serviu de plataforma para o lançamento de diversas bandas,
foi o Chez-Moi, primeiro na parte
alta da Rua do Giz, depois na parte
de baixo. O bar dirigido por Samuel
Chanez, o Samuca, e sua mãe Áurea, foi o lugar em que surgiram
diversas bandas, entre as quais a Mr.
Simple e a Cartahoc.
Contemporânea a essas, está também a The
Mads.
Página 57, Mr. Simple, Cartahoc e The Mads
tiveram como diferencial terem produzido seus próprios CDs, com faixas que
tocaram e ainda tocam muito nas rádios, como “Jaburu”, “Fim da noite”,
“Já era” e “Ainda bem você”.
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Mr. Simple (Otávio, Paulo e Vanessa) |
A Mr.
Simple, cujos líderes Paulo
Pellegrini e Otávio Parga eram
egressos da Daphne, ainda chamava a
atenção pela presença de uma mulher na bateria, Vanessa Espindola, que havia sido recrutada da Lothus (outra banda importante da primeira metade dos anos 2000,
com Eduardo Papada nos vocais).
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The Mads |
Já
a The Mads era uma dissidência da ZH, que tinha Armando Eugênio, o Pandha,
como vocalista. Seu nome era a junção das iniciais dos integrantes originais: Michael Mesquita, Armando, Davi e Samir Aranha,
mas logo a banda recrutou novos integrantes (Marco Moraes e Octávio Ferro),
e foi com essa formação final que lançou seu primeiro e único CD, em 2006.
Várias
bandas podem ser lembradas nessa fase do pop-rock maranhense: Sunset Strip, Fita K7 (do guitarrista Edson Travassos), Sública (com Karina Maia, Felipe
Hyily, Lucas Sobrinho e Cid Campelo,
banda que depois mudaria de nome para LaDama),
Venyce (da vocalista Vanessa Guimarães) e Samurai Kitty, que era formada somente
por mulheres.
Uma
banda que soava diferente e começava a se destacar era a Groove. Tinha como carro-chefe as canções do professor de idiomas Nivandro Costa Vale, mas também
agradava por trazer para os bares um som atualizado para a época, de bandas
como Arctic Monkeys e Franz Ferdinand. A banda logo mudou de
nome para Radioteca e inovou ao não
apostar no formato de CD, como suas contemporâneas faziam, e sim lançar como
single uma música de cada vez.
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Radioteca - Oliveira Neto (bt), Miguel
Ahid (bx), Nivandro Vale (v) e Fernandinho (g)
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Entre
2007 e 2008, cabe registrar os
discos da Fazenda Catanha, de João Bluesdart, filho do guitarrista Chiquinho França; da Audistock; da Xnoz; e o DVD da Nimbus
Paradisia, “Detached but aware”.
A Nimbus tinha formação muito
parecida com a da extinta General
Purpose, com Eryn Cy (Cynthia
Esteves) no lugar de Clayton nos
vocais.
A
Audistock tinha um trabalho
consistente, executado por músicos profissionais, sob o comando de Audi Mesquita, cujo maior sucesso
radiofônico foi a faixa “Diana”. Ela
e o irmão Michael começaram ainda
nos anos 90 tocando MPB em bares e em uma década passaram a ser personagens
relevantes da música do Maranhão,
participando de bandas e se lançando em projetos solo. Ao deixar a The Mads, banda da qual foi um dos
fundadores, Michael lançou diversos
trabalhos solo sob os nomes de Michaelboyzband
e Michael e Os Invisíveis. Em uma
dessas ocasiões, chegou a se apresentar na Rede
TV, em São Paulo, no Festival Gasound.
Mais
bandas que podemos citar, criadas e atuantes entre 2007 e 2010: Fidop, DK8
e Utrason.
Novos
espaços, nova cena, novas fronteiras – Paralelamente ao movimento roqueiro, e
muitas vezes se misturando a ele, destacava-se a Nego Ka’apor, de influência mangue beat e hip hop, cujo líder Beto Ehongue vinha de experiências em
bandas marcantes de períodos passados, como Som do Mangue e Cabelo de
Alma. A partir de 2004, além da Nego Ka’apor, Beto levou adiante projetos
como Canelas Preta e Hip Hop Cangaceiro, e produziu trilhas
e loops para outros projetos, como a Loopcínico.
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Nego Ka'apor |
Outra
figura de destaque entre os artistas que fundem rock com estilos regionais é Madian Filho, que alcançou notoriedade
com sua Madian e o Escarcéu,
inclusive se apresentando no Grito Rock
de Quito, Equador.
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Madian e o Escarcéu (Miguel, Madian e Érico Monk) |
Por
aqui, a Praia Grande continuou sendo
o principal reduto de shows, tanto para o público com menor poder aquisitivo (Bar do Porto, Ligeiro. Com, Teatro dos
Bonecos), quanto para os mais endinheirados (Espaço Armazém).
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Evento produzido por Burg Gouveia (Cremador): investimento e diversidade musical em um só evento |
Mas
em 2008, uma iniciativa de Burg Mussury, guitarrista da Cremador e empresário do ramo de discos
e soulvenirs de rock, ativou a Concha
Acústica da Lagoa da Jansen para uma sequência de quatro festivais. As edições do Lagoa Metal Festival aconteceram em junho, julho, setembro e novembro de 2008, com a particularidade de
reunir bandas de vários estilos, das mais leves às mais pesadas. Entre as
atrações, diversas das bandas já citadas e outras como Fire, Innegore, Hatedaska e Caveiras
Buchudas.
Foi
uma fase bem movimentada da cena roqueira maranhense. Vale ressaltar que
tínhamos o Circo da Cidade em pleno
funcionamento, e as bandas de rock eram seu principal locatário.
Também
nesse período, Nyelson Weber (da Tanatron), e Marcony Almeida (do Pharmarock,
ao lado do Ceuma - Renascença), promoveram
diversos shows, e Jorge Mondego, o Bavu, começou a despontar como
produtor, preenchendo uma lacuna importante de que o rock maranhense ressentia,
a da ausência de produtores de eventos.
Da
mesma forma, outro produtor que precisa ser citado é Bruno Coelho, conhecido como Ted,
mais um professor de idiomas no rock, destacado pelos inúmeros eventos que
produziu, especialmente as edições do Rock
Ballads, no Teatro João do Vale
(Praia Grande).
Ted esteve à frente, junto com diversos integrantes de bandas, de um
movimento ousado, o Balaiada, cujo
objetivo era incluir o rock local no calendário oficial de eventos da cidade. Muitas
reuniões aconteceram mas, infelizmente, a ideia não vingou.
Coube
à The Mads, já com Gustavo Bruno nos vocais, a iniciativa
de realizar tributos de bandas nacionais e internacionais, primeiramente no Espaço Armazém. Depois a ideia foi
largamente adotada, a ponto de a casa de shows Amsterdam Music Pub, na Lagoa
da Jansen, reservar as sextas e os sábados durante vários anos (a partir de
2013) apenas para Especiais, criando um mercado
específico para esse segmento.
Liverpaul (cover de Beatles), Dizneylândia Dândi e diversas bandas dirigidas pelo guitarrista Márcio Glam eram presença garantida na
casa, além de outras que eram montadas conforme os tributos iam sendo pensados.
Outra casa da Lagoa da Jansen que,
por um certo tempo, recebeu diversos shows, mas não de tributos, foi a Public House. E, claro, o lendário Veneto, no começo da avenida, que aos
poucos foi deixando de ter bandas para ser uma casa de discotecagem de rock
sempre lotada em seus arredores.
À
medida em que o rock brasileiro foi se “emepebezando”,
com a febre Los Hermanos e todos os
seus seguidores, o perfil das bandas que iam surgindo em São Luís, a partir de 2009,
foi mudando. O rock mais voltado ao Punk
e ao Nu Metal cedeu espaço para
bandas de estilo blasé, garotos barbudos
e camisas xadrez, ao mesmo tempo em
que diversas outras influências podiam ser sentidas.
Nesse
cenário, despontam Pedra Polida (de Pedro Venâncio, Eduardo Monteiro e André Grolli), Diamante Gold (de Emilio
Sagaz), Garibaldo e o Resto do Mundo
(de Paulo Henrique Moraes), Dicore e a Nova Bossa, que se tornou ícone do período, pela presença de Phill Veras como vocalista principal.
A
Nova Bossa esteve em atividade por
apenas alguns meses, o suficiente para revelar o talento de Phill e dos demais integrantes (Marcos Lamy, Hermes e André Grolli, todos com projetos solo
ou com outras bandas a partir de então).
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Nova Bossa |
Em
pouco tempo, configurou-se um movimento em que diversos músicos tocavam em
várias bandas ao mesmo tempo, e nasceu um cenário efervescente que logo foi
batizado de “nova cena”. Representam
esse momento: Stalingrado (que
revelou o competente guitarrista Ruan
Cruz, criador de outros projetos como a Orr e a Ária 53), Pedeginja, Grillos Elétricos (praticamente
a mesma Pedra Polida, só que com Grolli cantando) e Mandarla (de onde surgiu o compositor Tiago Máci).
Fazer
som apenas autoral era a palavra de ordem, e o público respondeu positivamente.
Para isso, foi decisiva a criação de estúdios afinados com a proposta das
bandas, com destaque para o Casa Loca,
de Adnon Soares, e o Base 17, de Felipe Hyily, que também tocava na Royal Dogs.
Os
anos de 2012 e 2013 foram
especialmente marcantes para os artistas da “nova cena” e foram muito celebrados por críticos importantes como Bruno Azevedo, Nivandro Vale (estes
também músicos, como já citados), Reuben
da Cunha e Celso Borges pela
capacidade de aglutinar um público majoritariamente jovem na valorização da
música local, feita por bandas igualmente jovens.
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Alê Muniz e Luciana Simões: idealizadores do Projeto BR-135 |
O
projeto BR-135, criado em 2013 por Alê Muniz e Luciana Simões,
contribuiu para impulsionar a “nova cena”
desde a primeira edição, mas as próprias bandas também se organizaram e o
principal fruto foram as três edições do Festival
Limonada (em dezembro de 2013, e
janeiro e outubro de 2014), que
tinha como principal organizador o professor do Curso de Direito José Caldas
Góis Júnior, pai da vocalista Jéssica
Góis, da Pedeginja.
A
popularidade de Phill Veras alçou
voos. O compositor passou a viver em São
Paulo, onde conquistou sucesso junto ao público alternativo, e uma
avassaladora votação na Internet o colocou no Palco Sunset do Rock In Rio
2013, junto com sua banda formada então apenas por músicos maranhenses,
como Memel Nogueira, Dney Justino, Marlon
Silva e André Grolli, sem dúvida
um momento histórico para a música do Maranhão.
Mas
o rock mais visceral continuou trabalhando e várias bandas despontaram, algumas
“adotadas” pela “nova cena”, com quem eventualmente
dividiam os palcos, como Megazines
(de Ronaldo Lisboa e Manel Maia), Vinil do Avesso (de Cyro
Lupion), Velttenz (do mesmo Paulo Henrique Moraes, da Garibaldo), Gallo Azhuu (que era Pataugaza,
de Patrick Abreu), Twelve Street e Boys Bad News (dos irmãos Domingos
Tiago e Sandoval Filho, o Bimbo), e outras com caminhos
diferentes, fazendo shows e desenvolvendo projetos à parte, como a Chaparral, que lançou o bom “Fim do Silêncio” em 2011, a Farol Vermelho, do talentoso guitarrista Rodrigo Smith, a Rádio-X
(que se tornaria Altas Doses), a Marenostrum, a Baré de Casco (com seu estilo brega-rock, primeiro com Jhoie Araújo nos vocais, depois com Thierry Castelli) e a remanescente Mr. Simple, cuja canção “Hipnótica” foi parar na trilha sonora
do filme “Muleque Té Doido”.
Um
raro momento de encontro se deu no aniversário de 400 anos de São Luís, em 2012,
quando bandas da “nova cena” e
bandas “sem-cena” tocaram juntas em
um festival aberto ao público no Beco
dos Catraeiros (Praia Grande).
2013 testemunhou o renascimento artístico de Marcos Magah, o fundador da Amnésia,
em 1987, que trocou o heavy metal por um pop-rock popular, de influências diversas.
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Marcos Magah |
Nesta
época, também houve uma febre de blues
na cidade. Diversos grupos foram sendo montados ou reativados, com destaque
para a Tequila Blues, a Blues de Quinta (de Daniel Lobo), a MPBlues (de Lusmar Cardoso
e Rodrigo Castelo Branco) e a Saint Louis Rock & Blues Band,
voltando a movimentar o estilo que teve seus momentos áureos cerca de dez anos
antes, com os projetos de Fernando
Japona e Dário Ribeiro. O
fotógrafo Taciano Brito chegou a
organizar alguns pequenos festivais, antes de o cantor e compositor Tutuca tomar para si a responsabilidade
de fazer shows maiores, inclusive com atrações internacionais, em Barreirinhas e São José de Ribamar.
Apostando
numa pegada vintage, com elementos
do heavy metal e do hardcore, destacam-se a Red Beer Club (de Victor Bossal) e a Púrpura
Ink (de Márcio Glam e Eraldo Júnior). Nesse segmento, porém, a
Fúria Louca (do vocalista Henrique) diferencia-se pelo ainda
maior profissionalismo no visual e esmero na qualidade técnica das gravações e
execuções ao vivo, situação semelhante à da Jack Devil (banda de thrash
metal do ex-Marthiria André Nadler),
cujo investimento e trabalho a levaram para shows pela América do Sul e datas agendadas para os Estados Unidos e Europa.
Essas duas bandas tocam mais fora do Maranhão
do que aqui e são exemplos de que, nos últimos tempos, a visibilidade das
bandas locais está ultrapassando as fronteiras, finalmente.
A
bola da vez nesse sentido é a Soulvenir,
um projeto pop-eletrônico capitaneado pelo baterista Wilson Moreira e que tem nos vocais Adnon Soares, além de Domingos
Tiago, Bimbo e Marlon Silva. A
banda lançou “Galaxy Species” em 2014 e em 2016 foi escolhida para representar o Brasil no NOS Alive, um
importante festival de música independente em Portugal, onde se apresentou no mês de julho e ainda ganhou um contrato com a Sony.
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Soulvenir - Marlon (bx), Bimbo (bt), Thiago (g) e Adnon (v\g) |
A
ascensão da Soulvenir foi o único
alento de 2016 para o pop-rock
local. O ano mostrou uma arrefecida no cenário pop-rock, com poucos lançamentos
e espaços para shows. As novidades mais recentes em termos de gravações foram Carta Magna, Telúricos e Púrpura Fogo, e cantores como Fábio Allex e Israel Costa.
O
último grande festival de rock em São Luís foi organizado por Marcony Almeida, em maio de 2015: o 24 Horas de Rock,
que ocupou dois dias da Praça Maria
Aragão, parte deles sob chuva, com mais
de 30 atrações.